- A Grécia deverá assinar já na próxima terça-feira um acordo energético com a Rússia que poderá render até 5 bilhões de euros para o atualmente esvaziado caixa de Atenas. Segundo informações do site alemão de notícias Spiegel Online, o dinheiro será um adiantamento em um negócio envolvendo a construção de um gasoduto russo que transportará gás para países europeus através da Turquia e Grécia.
Neste sábado, a revista semanal grega Agora publicou que Atenas está contando com este acordo com Moscou. “O governo espera receber esses recursos rapidamente do Kremlin. Com isso, as negociações com os parceiros europeus poderão ser empurradas até junho”, afirma a revista.
Desde fevereiro, o governo grego mantém tensas negociações com representantes europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter a liberação de mais crédito ao país. Apesar de o programa de resgate ter sido estendido até junho, os credores suspendem o pagamento de 7,2 bilhões de euros porque Atenas não cumpriu as condições impostas. Em troca dos recursos, os credores exigem a implantação de duras reformas.
– Isso (acordo com os russos) poderá mudar a maré para a Grécia – disse um alto funcionário da aliança de esquerda Syriza, no poder em Atenas, e que estaria lidando diretamente com o processo.
Ainda segundo a fonte, o acordo com a Rússia foi discutido há dez dias com o presidente Vladimir Putin durante visita do primeiro-ministro grego, Alex Tsipras, e de seu ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, a Moscou.
O dinheiro que o Kremlin estaria se comprometendo a pagar refere-se ao adiantamento relativo às futuras taxas pelo transporte de gás que serão cobradas pela Grécia. A previsão é de que o gasoduto, que não foi aprovado pela União Europeia, só comece a operar em 2019.
Grécia e credores prosseguem conversas
Enquanto isso, o Grupo de Bruxelas – formado por Grécia, UE, Banco Central Europeu (BCE) e FMI – encontra-se em Paris neste sábado para discutir o programa de resgate para Atenas e as reformas que precisarão ser iniciadas para que o dinheiro seja liberado. O Mecanismo de Estabilidade Europeia também participará das negociações. O mecanismo é responsável pela emissão de títulos e outros instrumentos de débito nos mercados financeiros para levantar capital a fim de ajudar Estados-membros.
Uma fonte europeia afirmou à agência de notícias AFP que o problema “não é falta de diálogo, mas sim de trabalho técnico”, afirmou. “Faltam números no processo, tabelas detalhadas.”
Na próxima sexta-feira, ministros de Finanças da zona do euro se reunirão em Riga para tentar avançar nas conversas. A Grécia espera receber 7,2 bilhões de euros para evitar a bancarrota e poder saldar suas dívidas junto ao FMI e ao BCE.
No entanto, o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, afirma não esperar que um acordo seja alcançado rapidamente. Berlim, um dos maiores credores gregos, tem pressionado Atenas a implantar medidas de austeridade e outras mudanças como condição para oferecer mais dinheiro ao país endividado.
– Não há nada novo – afirmou Schäuble na sexta-feira antes de um encontro com o FMI. “E estou certo de que não haverá nada novo na semana que vem em Riga.”
Obama cobra reformas
Nesta sexta-feira, em Washington, o presidente americano, Barack Obama, defendeu que a Grécia, assim como outros países da zona do euro com dificuldades em sua economia, precisa de certa flexibilidade para impulsionar a demanda e dar esperança à população. Obama, no entanto, disse que o país em crise precisa tomar “decisões duras” e cobrou reformas.
– A Grécia precisa iniciar reformas, coletar impostos, reduzir a burocracia. Eles precisam ter práticas trabalhistas mais flexíveis – disse o presidente americano.
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