- O ajuste fiscal do governo mal
começou e o presidente do PT, Rui Falcão, já não suporta mais o tema: “É tempo
de parar de falar em ajuste e falar em investimento, emprego, distribuição de
renda, crescimento econômico com inclusão social.”
Segundo Falcão, o PT se encarregará
de mudar de assunto no seu 5º Congresso Nacional, na semana que vem: “Nós vamos
[…] ressaltar nossas diferenças em relação a muitas medidas que estão sendo
tomadas nesse momento.”
O presidente do PT fez tais
declarações em entrevista concedida em Aracaju. Ele foi à cidade para
participar, neste sábado (6), de encontro do PT sergipano preparatório para o
5º Congresso, que ocorrerá em Salvador a partir de quinta-feira (11).
O tom empregado por Falcão confirma
os piores temores de Dilma e seus auxiliares. Receia-se que o Congresso do PT,
instância máxima da legenda converta-se numa sessão de exorcismo do ministro
Joaquim Levy (Fazenda).
Tomado pelas palavras, Falcão parece
obcecado pela ideia de declarar guerra contra o óbvio. Para ele, o PT vive uma
realidade de fábula. “Não estamos em crise, apesar do ataque feroz que a
direita conservadora, a mídia monopolizada e aqueles que não se conformam com a
derrota no passado fazem contra nós.”
O PT é minoritário no Congresso, tem
o tesoureiro na cadeia e perde espaço num governo em que a política é tocada
pelo PMDB e a economia por um ministro que votou no tucano Aécio Neves. E
Falcão: “Não pode ter crise um partido que está há 12 anos no poder, ganhou a
quarta eleição consecutiva.”
Falcão reiterou o lero-lero de que
petista envolvido em corrupção não permanecerá na legenda. Mas não explicou por
que o PT ainda trata os condenados José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares
como “herois do povo brasileiro”.
De resto, atacou a Justiça —“não
vamos admitir qualquer facção do Judiciário que queira incriminar o PT”— e
levou as mãos ao fogo por João Vaccari Neto, o tesoureiro engolfado pela Lava
Jato e levado pelo juiz Sérgio Moro para uma cela no Paraná.
“Não há nenhuma prova material contra
ele”, disse Falcão. “As maquinações que levaram à prisão dele já foram todas
desmentidas, como a movimentação financeira, que é totalmente compatível com
seus rendimentos. Esperamos que ele seja solto brevemente porque não se pode
condenar ninguém sem provas.”
A onda de rejeição ao PT empurra para
outros partidos petistas interessados em disputar as eleições municipais do ano
que vem. Mas Falcão dá de ombros para o êxodo. Sustenta que há mais movimento
na porta de entrada do que na de saída.
Entre janeiro e junho, disse Falcão,
o PT recebeu 17,1 mil novas filiações. Ele ainda contabiliza 139 mil pedidos na
fila, aguardando a homologação. Mais: outras 47,2 mil solicitações de ingresso
encontram-se sob análise.
Quer dizer: Rui Falcão acredita que
dirige uma agremiação próspera, estalando de pureza moral, injustiçada pelos
poderosos e condenada ao êxito eterno. Mantida a efervescência na entrada, terá
de passar o cadeado no portão.
Por Josias de Souza
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