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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Violão de sete cordas ganha popularidade e vira série


Quarta-feira, 22 de julho de 2015

Um dos grandes nomes do violão de sete cordas no Brasil hoje, Luís Filipe de Lima costuma ser procurado nas redes sociais por jovens violonistas atrás de dicas (“que cordas você usa? Que dedeira? Que sistema de captação?”, detalha ele). Baseado no aumento dessa demanda, ele já vinha com a impressão de um crescimento do interesse no instrumento. Mas confirmou mesmo numa dessas conversas, quando um dos estudantes contou que escolheu tocar o violão de seis cordas porque “hoje todo mundo está tocando sete cordas, me especializando no de seis pinta mais trabalho”.

O relato meio anedótico de Lima aponta um movimento que se dá de forma discreta, porém contundente — como os desenhos de notas graves do violão de sete. E que pode ser registrado em diversas frentes, como a onipresença do instrumento nas rodas de choro (“a formação característica dos regionais é com um violão de sete e um de seis, hoje você vê muitos grupo sem violão de seis, ou mesmo com dois de sete”, explica o violonista Rogério Caetano). Ou a série “Sete vidas em 7 cordas”, de Pablo Francischelli, com curadoria e apresentação de Yamandu Costa, que traça para o Canal Brasil (ainda sem data de estreia) um mapa da história e do presente do instrumento, de diferentes tradições e gerações, cobrindo do mestre Valter Silva, de 75 anos, ao pernambucano Vinicius Sarmento, de 23. Ou a exploração de novas fronteiras como o que Lima tem proposto em trabalhos de caráter experimental como sua parceria com o guitarrista e produtor Arto Lindsay e em sua atuação com o grupo Coletivo Samba Noir. Ou mesmo — e sobretudo — no interesse dos jovens estudantes de música.

Nesses 15 anos de experiência na Escola Portátil de Música, posso assegurar que a proporção de alunos de bom nível dedicados ao sete cordas passou de 1/3 dos violonistas para 2/3 — atesta Maurício Carrilho, violonista e coordenador da escola, ressaltando que lá não há curso específico para sete cordas. — Essa procura desenfreada pelo sete cordas tem até gerado um problema. Esses meninos querem sair fazendo frases (as chamadas “baixarias”, traçadas na região grave, características do instrumento) mas sem o fundamento harmônico e rítmico de quem passou pelo seis cordas. Ou seja, fazem frases em momentos inoportunos, que acabam criando uma deformação no fazer do choro e do samba. Por isso não temos o curso de sete cordas, e sim de violão. Todos têm que estudar harmonia e ritmo (base do violão de seis) e contraponto (fundamento do violão de sete).

Se por um lado a “procura desenfreada” pode provocar essas distorções que aponta Carrilho, por outro tem permitido o desenvolvimento de diversas linguagens — ou sotaques — só possíveis com a popularização — e até mesmo vulgarização — do instrumento.

Temos o Vinicius em Recife
 (o músico é próximo da cena MPB-pop-rock contemporânea local, de artistas como Ylana Queiroga, Nação Zumbi, Tibério Azul e Vitor Araújo), o Rogerinho (Caetano), que desenvolveu uma linguagem muito particular, de acordes alterados, entortando harmonicamente — avalia Lima, citando também suas atuais experiências com o eletrônico. — Essa tendência do sete cordas invadir outras praias já vinha de antes, no baião de Luiz Gonzaga, por exemplo. Jackson do Pandeiro também gostava. Já era um desvio de percurso, e agora tem essas várias experimentações, o que é muito positivo por demonstrar a vitalidade do instrumento.

INSTRUMENTO TEM ORIGENS RUSSAS
Os violonistas destacam algumas possíveis explicações para o atual momento do instrumento. O próprio reaquecimento do choro — a partir dos anos 1990 — e o surgimento de escolas como a Portátil (em 2000), no Rio, e a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello (1998), em Brasília, plantaram as bases do que se vê agora. Da mesma forma, o aparecimento na última década de virtuoses como Yamandu e Rogério Caetano — que gravaram juntos em 2013 um raro álbum de dois sete cordas, o que não deixa de ser um indicativo também do que temos hoje — fez com que muitos olhos e ouvidos se voltassem para o instrumento. Outro motivador foi o lançamento de material didático específico, também a partir da década passada, assim como o uso da internet como fonte de estudo.


Um desses métodos, “Sete cordas, técnica e estilo”, de Rogério Caetano (com texto, organização e direção de Marco Pereira, violonista que fez nome no seis cordas e hoje se aventura no sete) está sendo relançado agora — a edição original, de 2012, esgotou-se na época. Os dois instrumentistas fazem um workshop na sexta-feira (inscrições pelo telefone 2527-6200) sobre a história da linguagem do instrumento, exposta no livro.


Atravessamos todo esse trajeto, de Dino, passando pelos irmãos Valter e Valdir Silva, por Raphael — explica Rogério Caetano, que crava: — O sete cordas é o principal instrumento popular do Brasil no momento. Por essa possibilidade de ser instrumento de acompanhamento ou solista, por se apoiar no improviso, ou seja, comportar a criatividade constante, ele é apaixonante.

Além de mapear o cenário do instrumento (com episódios dedicados a Valter Silva, Carlinhos Sete Cordas, Rogério Caetano, Luizinho Sete Cordas, Vinicius Sarmento e Arthur Bonilla), a série “Sete vidas em 7 cordas” investiga as origens do instrumento.

— Num dos episódios, Yamandu vai à Rússia para estudar a história de que o sete cordas foi introduzido na música brasileira pela geração do Tute e do China (irmão de Pixinguinha) depois de ter sido visto aqui na mão de ciganos russos — conta o diretor Pablo Francischelli.

O Globo
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