- “Tenho 24 horas do meu tempo, todos os dias, dedicadas a ele”, é assim que o policial aposentado Onório Lopes Pereira define o seu cuidado com o filho Ueldes de Paiva Pereira, de 35 anos, que tem um desvio no cérebro e que desde que nasceu necessita de mais atenção de todos.
Onório não é um pai diferente dos demais que cumprem o seu papel, ele cuida e protege seus filhos e netos, e neste Dia dos Pais deve ser mais do que homenageado. Ele lembra que quando Ueldes, que é o mais novo dos três filhos do casal, ainda tinha seis meses de vida, a família começou a perceber que ele tinha algumas limitações e que era diferente dos outros irmãos e a partir disso começaram as consultas médicas que apontaram para o problema.
“Não sabemos ao certo se tem um nome específico para a deficiência dele, o médico nunca nos falou se havia. O que sabemos desde os seus seis meses de idade é que ele tem um desvio no cérebro. Na época foi muito difícil receber a notícia, mas o importante sempre foi o grande amor que temos por ele. Hoje eu digo que sou empregado com ele, todo o meu dia é com ele, desde que me aposentei há 14 anos. Faço a higiene dele, dou de comer, passo noites acordado, se for preciso, faço tudo”, diz, emocionado.
Ele conta que todas as terças e quintas-feiras acompanha o filho, que faz tratamento na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). “Não confio ele com ninguém. Até na piscina eu entro para ficar com ele. Devido ao problema, às vezes ele tem comportamentos agressivos, então eu estou sempre perto para conter”, continua.
Além disso, ele conta que também existe a questão do preconceito. “Percebo muito o preconceito das outras pessoas com ele. Algumas pessoas têm medo, mas na verdade ele só quer um pouco de atenção por parte das pessoas. Confesso que sofro com isso, acho que todo o pai e mãe sofre quando vê alguém ter um comportamento de preconceito com seu filho. Sou uma pessoa muito calma, mas quando vejo alguém olhando esquisito para o meu filho, fico irritado sim. Por isso que sempre tentamos suprir isso com muito amor”, ensina.
Seu Onório afirma que não há distinção de amor quando se trata dos filhos. “Amo todos três de forma igual e eles sabem disso e os outros dois sempre compreenderam que Ueldinho precisa de mais atenção. Mas eu me dedico muito aos meus três filhos e também aos meus dois netos. Só vivo para eles, inclusive estou indo daqui a pouco pegar os meus netinhos na escola, e Ueldinho, como sempre, vai comigo. Pra onde eu vou, ele vai”, acrescentou durante a entrevista na quinta-feira passada.
Ele destaca ainda que seu filho não é apenas uma companhia para ficar em casa, ou ir para a Apae, mas para o entretenimento também. “Às vezes nos finais de semana nós viajamos, vamos para cidades vizinhas daqui, onde temos família. Passeamos muito. O amor que eu tenho por ele é tudo. Faço tudo que faço com prazer”, revela.
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