Um grupo de senadores da base aliada e
da oposição vai se reunir no início da próxima semana para discutir o
lançamento de uma candidatura contra a reeleição de Renan Calheiros
(PMDB-AL) como presidente do Senado. Os parlamentares querem lançar um
outro peemedebista para se contrapor à Renan e não um nome de outro
partido. Querem, assim, evitar a repetição das derrotas, em 2011 e 2013,
quando as candidaturas dos senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e
Pedro Taques (PDT-MT) foram fragorosamente derrotadas por José Sarney
(PMDB-AP) e Renan.
A eleição para quem vai comandar o Senado e o Congresso ocorrerá
daqui a dez dias e Renan – que ainda não oficializou seu nome – é franco
favorito para permanecer mais dois anos no cargo. O Palácio do Planalto
tem apoio a permanência do peemedebista no posto, desde que, até a
eleição, não seja investigado ou denunciado pela Procuradoria-Geral da
República por envolvimento na Operação Lava Jato.
O atual presidente do Senado foi um dos 28 citados, conforme revelou o
jornal O Estado de S. Paulo, pelo ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada.
A oposição e os independentes discutem o lançamento de um
peemedebista como Ricardo Ferraço (ES), Luiz Henrique (SC) e Garibaldi
Alves Filho (RN). Querem, ao indicar um nome do PMDB, respeitar a
tradição do Senado segundo a qual a maior bancada tem a primazia de
indicar o presidente para votação. As conversas, contudo, ainda são
bastante embrionárias e a maioria delas têm ocorrido pelo telefone. Elas
devem se intensificar nos próximos dias, mas ainda não está agendado
nenhum ato conjunto para definir uma candidatura.
“Não dá para ser mais o Renan. Não é bom para o Senado, para a
República, depois de todo o desgaste que temos tido. Nós estamos
esperando que o PMDB lance um candidato. O PMDB tem bons nomes”, afirmou
o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Mesmo com chances reduzidas de prosperar, a intenção do grupo é que o
candidato oficial do PMDB não seja o atual presidente do Senado. Mas,
se a bancada peemedebista lançar Renan como candidato, tentar convencer
outro nome do PMDB a sair avulso.
O ex-presidenciável tucano Aécio Neves tem conversado nos últimos
dias com potenciais peemedebistas que poderiam ser candidatos, como
Ricardo Ferraço e Luiz Henrique. Esse último, aliás, afirmou ao
Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado,
que está “muito sensibilizado” com o apelo que tem recebido para sair
candidato de “quase todos os partidos”.
“O que eu sinto é que não há um sentimento de ter uma candidatura de
oposição ou de confronto contra o Renan, mas uma candidatura que
represente uma nova construção, que não tenha outro jaez senão o de
exprimir um anseio de mudança”, afirmou Luiz Henrique.
A atual cúpula do PMDB, ligada a Renan Calheiros, deve retaliar um
eventual candidato avulso do partido. A ameaça poderá não ser indicado
para comissões importantes, amargando uma espécie de “geladeira
política”.
Randolfe Rodrigues (Psol-AP) afirmou que, se a estratégia de lançar
um peemedebista não vingar, o grupo lançará uma candidatura para marcar
posição. Ele disse que não deseja ser o candidato, mas, se ninguém
topar, sairá mais uma vez postulante. “Prefiro que tenha algum nome,
surja algum nome que não seja o meu, dos independentes, da alternativa.
Se não nenhum topar, em último caso, apresentarei a minha candidatura”,
disse.
Estadão
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